Assim como o grupo, a pessoa humana
não está “feita” mas “vai-se fazendo” em sua própria história.
Distinguimos três fases: a nucleação, a iniciação e a militância.
a)
A nucleação
É a fase em que os
jovens são convocados, respondem afirmativamente e decidem começar sua
participação nos grupos de jovens. Isto acontece através da amizade, convite
pessoal, convites amplos, convites nos meios específicos, cursos, encontros,
preparação para Crisma, catequese permanente, os convites massivos e outras
formas. Exige um processo de nucleação.
Para
que o processo de nucleação seja efetivo utiliza-se uma metodologia que
valoriza o acolhimento pessoal, promove a participação, a integração, a organização
grupal e ajuda o jovem a descobrir o valor e as exigências da vida em grupo,
optando por ela. Deve-se levar em conta alguns critérios:
* a proposta deve
partir da realidade do jovens aos quais se convida, de suas necessidades, de
suas buscas, de suas inquietudes e expectativas. Deve ser uma proposta
participativa, na qual o jovem se sinta envolvido e descubra que poderá ser
protagonista de seu processo de formação.
* a proposta deve
ser eclesial. O convite não pode ser assunto somente do assessor ou do grupo de
jovens já constituído: tem que ser expressão da responsabilidade de toda a
comunidade cristã preocupada pela evangelização dos jovens;
* a proposta deve
ser clara. O convite dever ser honesto, os objetivos bem explicados. Desde o começo deve deixar claro que é uma
proposta de vivência e realização de um caminho de amadurecimento na fé.
A ternura e a acolhida da comunidade eclesial aos jovens
nucleados deve ser expressão de alegria por sua chegada e convite a fazer
parte, desde o início, de uma comunidade mais ampla cuja vida e caminho começam
a partilhar.
b)
A iniciação
O ponto de partida
da iniciação são as muito variadas motivações e graus de consciência e adesão a
Jesus Cristo que os jovens trazem para o
grupo. Nesta fase é importante uma metodologia que motiva os jovens a continuar
participando das reuniões de grupo e paulatinamente desperta para o compromisso
sério na comunidade eclesial e na sociedade.
O importante é reconhecer que a fase
da iniciação tem um tempo próprio de desenvolvimento que deve ser
respeitado e que seus distintos momentos variam segundo as características dos
jovens dentro dos grupos, seus objetivos, circunstâncias, etc. Em seguida
descreveremos as etapas que servem como mapa para navegar dentro deste novo e
estranho terreno.
c)
A militância
A palavra
“militante” tem uma longa história na vida da Igreja. Refere-se à ação eficaz
do cristão e a seu compromisso, seu testemunho, sua luta e sua atuação concreta
no mundo e na própria Igreja. É a fase “madura” do jovem e do grupo.
A militância
exercida pelo jovem cristão define-se como aquela ação cada vez mais refletida,
intencionada, consciente, contextualizada e organizada, visando promover uma
renovação na Igreja e uma transformação na sociedade. É a fase da opção que o
jovem cristão faz para assumir o estilo de vida de Jesus de Nazaré. É um
compromisso mais permanente e libertador. Motivado pela fé, o militante é estimulado a viver sua vida numa entrega aos
demais.
A militância dentro
do processo evolutivo da personalidade do jovem é uma etapa ativa e criativa,
que se desenvolve uma vez superada a adolescência. Supõe integração dinâmica
dos elementos cognitivos, afetivos, sociais e transcendentes para uma opção e
um projeto de vida. Supõe uma atitude de constante conversão e
discernimento sobre o estilo de vida que
se deseja, assim como sobre os espaços nos quais se pode e se deve agir e sobre as
organizações que possibilitam trabalhar
em comum na construção da Civilização do Amor , em justiça e fraternidade.
O jovem descobre a
militância como “projeto de vida”; fortalece-se em sua fé e vida interior;
conquista maior vivência espiritual; inquieta-se na busca de formação e
auto-formação; alcança um maior crescimento na fé que o identifica com Cristo e
o amadurece em sua própria personalidade. Além disso, conquista uma maior
consciência do seu compromisso com Cristo dentro da Igreja e da sociedade.
Alguns jovens
assumem uma militância interna no ambiente da Igreja, na atuação missionária, catequese,
liturgia, preparação para o crisma, participação na Campanha da Fraternidade em
Novenas de Natal, nas festas da comunidade, ecumenismo e outros setores da
Igreja. Outros desenvolvem sua ação pastoral na própria Pastoral da Juventude,
na preparação e coordenação de reuniões, cursos, assembléias, acompanhamento
pessoal, partilha e vivência comunitária, boletins e outros. Outros ainda, que
percebem o sofrimento e a injustiça na qual vivem amplos setores da humanidade,
querem trabalhar pela mudança da realidade e assumem sua militância no âmbito
social, participando nas organizações intermediárias, partidos políticos,
movimentos populares, direções de grêmios estudantis, associações de bairro,
grupos de defesa dos direitos humanos, de promoção da mulher, movimentos
ecológicos, etc. Muitos dos que optam por um maior protagonismo nestas
organizações, mantém contato com a comunidade cristã, seja através da
participação em encontros ou celebrações litúrgicas, seja através de sua
própria comunidade de reflexão. Estes jovens que assumem este tipo de
militância intermédia precisam manter referência com a comunidade eclesial para
alimentar e celebrar sua fé.
No âmbito eclesial,
o jovem desenvolve uma maior consciência de sua participação e responsabilidade
assim como conhecimento da realidade pastoral. Esta militância contribui para o
surgimento de uma pastoral mais amadurecida. Neste campo estão as instâncias de
coordenação, em todos os níveis; A Pastoral da Juventude (PJ), a Pastoral da
Juventude do Meio Popular (PJMP), a Pastoral da Juventude Rural (PJR) , a
Pastoral da Juventude Estudantil (PJE). O jovem assume o papel de evangelizador
do próprio jovem.
A militância no
espaço social têm como objetivo a transformação da sociedade, porém, devem
contribuir, também, na transformação da vida da comunidade eclesial.
ETAPAS MAIS DETALHADAS
As fases de Iniciação e Militância podem ser dividas em etapas mais
detalhadas. Estas etapas são o resultado de uma reflexão e sistematização da
Pastoral da Juventude do Brasil e da América Latina de muitos anos. Hoje são
assumidas oficialmente tanto em nível do pais quanto em nível do continente. As
etapas são:
7. Descoberta das etapas recorridas
(Maturidade
Pedagógica)
|
6.
Descoberta da Militância (Opção Vocacional)
|
5.
Descoberta das causas estruturais (análise social)
|
4.
Descoberta da necessidade de uma organização mais ampla
|
3. Descoberta do problema social
|
2. Descoberta da Comunidade
|
1. Descoberta do Grupo
|
As etapas são de pessoas não de grupo. Freqüentemente, dentro do
grupo, o crescimento é desigual. As
etapas são um tipo de mapa que o coordenador ou assessor do grupo tem ao
iniciar uma viagem empolgante de descoberta numa terra estranha. As etapas são
horizontes novos que se abrem quando a pastoral prepara uma terra fértil onde a
semente da Palavra de Deus pode brotar no coração de cada jovem. São desafios
novos que se apresentam para motivar o jovem a dar o melhor de si. Quando
o líder de grupo e de pastoral
diocesana não tem a visão de etapas, suas perspectivas se estendem pouco além
da próxima reunião ou atividade que está
sendo promovida. A falta de uma visão a largo prazo leva a uma pastoral
superficial que tem pouca incidência no ambiente da Igreja ou da sociedade. Sem a visão de etapas
não se desenvolve uma Pastoral de Juventude libertadora e transformadora.
Todo o processo de
crescimento por etapas deve levar ao amadurecimento da opção vocacional no
sentido amplo do termo, de dar uma resposta pessoal de adesão ao chamado de
Jesus Cristo para o seguimento. O ponto de chegada de uma Pastoral Juvenil bem
conduzida deve ser a opção vocacional.
Alguns jovens fazem a opção de viver a vocação
comum de batizados assumindo um ministério/serviço específico na comunidade
eclesial e como fermento do Reino nos meios sociais onde se faz presente.
Alguns leigos fazem a opção de assumir um ministério específico no mundo da
política. Outros fazem a opção pela vocação de consagração como sacerdotes ou
religiosos(as).
O jovem que
percorreu todas as dimensões do processo de formação integral na fé, sente-se
capacitado de assumir o compromisso para testemunhar sua fé no seguimento de
Jesus Cristo, como também de anunciar a Boa Notícia de Jesus na militância na
comunidade eclesial e na militância política e social. Assume o compromisso
cristão firme e conseqüente, vivenciado como opção pessoal, expresso na
participação comunitária e na ação transformadora, segundo seu projeto de vida
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