TEXTO: MEU LUGAR BÍBLICO INTERIOR
Pe.Hilário Dick
1.
Aterrissando
em Nazaré...
Nazaré é uma
bela localidade da Galiléia, ao norte de Israel. Fica a 22 Km do Lago de Tiberíades.
Há muitas flores e o se próprio nome, em hebraico, fala de “florescer”. Tem
raízes antigas, remontando até os anos 900 a .C. Descobriram-se aí silos para os
cereais, cisternas para água e vinho, mas ela nunca foi considerada. “Pode vir
alguma coisa boa de Nazaré?” perguntavam-se as pessoas. Tornou-se conhecida
porque aí se deu a Anunciação e porque José e Maria forma morar lá depois da
fuga para o Egito. Além disso, Jesus Cristo viveu aí cerca de 30 anos, antes de
sua vida missionária, por isso foi conhecido como “Jesus de Nazaré” ou, então,
Jesus, “o nazareno”. Foi em Nazaré que Jesus falou de sua missão, mas seus
compatriotas não gostaram nada e quase o mataram (Jo 1,46; Mt 2,23; Mc 6,1-6).
Mais tarde,
no lugar da Anunciação construíram-se vários santuários, mas o último, mais
amplo é do século XVIII, talvez edificado no local onde Maria foi visitada pelo
Arcanjo Gabriel.
Qualquer grupo – assim como toda a pessoa humana –
passa pela fase da adolescência. Uma fase linda misturada pelos turbilhões das
descobertas e perdas infantis. É importante, por isso, vivermos a mística de
Nazaré, como lugar de amadurecimento de Jesus, que se reveste de alguns
aspectos que, além de tudo, nos dão um fundamento bíblico e teológico do que se
vai vivendo.
Considerando
seu estado interior, com que intensidade você se situa neste lugar bíblico? De 1 a 10, isto é, de menos =1
para mais =10.
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2.
O lugar é Belém...
Belém de Judá
é uma cidade a 8 Km
de Jerusalém, plantada em cima de uma colina rodeada de vales férteis em trigo,
cevada, azeitonas e vinhedos. Diz Gênesis que Raquel, mulher de Jacó, foi
enterrada em Belém (Gen. 35,19). Belém é o cenário de Rute, voltando com Noemi
do exílio “quando estava começando a colheita da cevada” (Rute 1,19-22). Belém
é a pátria de Davi. É de lá que ele partiu para matar Golias. O profeta Miquéias
apresenta Belém como o lugar do nascimento do príncipe da casa de Davi (Miq
5,2). Os mais judeus acreditavam que o Messias devia nascer em Belém (Mt
2,1-6). Jesus, de fato, nasceu aí numa manjedoura porque não havia lugar nas
pousadas. Dizem que foi numa gruta sobre o qual Constantino mandou,
posteriormente, edificar uma basílica, mas Justiniano construiu outra,
existente até hoje.
Belém está na alma da humanidade como lugar de
acolhida e de rejeição. Deus fez aí sua morada, encarnado-se na realidade do
povo... Não escolheu palácios, mas preferiu estar com os empobrecidos. Neste
lugar há o encontro com a natureza, que se traduz no aconchego da gruta, no
colo da mãe, na acolhida de uma família nascida na simplicidade e no desapego.
Em Belém encontramos figuras maravilhosas com Maria, que guardava tudo em seu
coração; com José, o homem que aceitou ser pai de um filho carregado de
mistério; como os pastores, que foram os primeiros a receberem a notícia do
nascimento do Messias esperado. Belém também nos recorda a figura dos “magos,
os reis que vieram em busca da Estrela, seguindo-a em sua vontade de saber o
sentido das coisas. Belém faz pensar no controle romano através do
recenseamento, que garantia a opressão.
Belém é periferia. É dela que vem a salvação. Na
imaginação do povo, Belém não se compreende sem estrela.: a estrela da
esperança, do caminho e do sentido. Além de tudo isso, em Belém há anjos
cantando à meia-noite... Anunciando uma notícia de paz que atravessaria
séculos. Belém é, ao mesmo tempo, gruta e caminhada. Foi lá que chegou o casal
bendito. Ao mesmo tempo em que é hospedagem, acolhida, notícia de algo muito
bom, Belém é rejeição, pois “não havia lugar para eles dentro de casa” (Lc
2,7). Foi em Belém que se rejeitou a epifania do Senhor.
Considerando
seu estado interior, com que intensidade você se situa neste lugar bíblico? De 1 a 10, isto é, de menos =1
para mais =10.
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3.
Este “momento” bebe sua missão em Cafarnaum...
No andar da caminhada da pessoa e do grupo, a fé se
mistura sempre mais com a vida onde as opções se realizam em atividades
concretas. Os limites de atuação ampliam na sociedade e no mundo; na intervenção das pessoas; no andar não mais sozinho, como massa, mas como
cidadãos organizados. Por isso, o lugar bíblico e teológico é Cafarnaum. É ali
que vamos beber a água da mística, a mesma, mas em fontes renovadas.
Cafarnaum
significa “aldeia dos consolos”. Localiza-se às margens do lago de Genezaré, na
Galiléia. É uma região rica na agricultura e na pesca. Por ser uma região de
fronteira havia bastante postos de polícia. Ali trabalhava Mateus como coletor
de impostos e foi escolhido, com escânda-los para alguns, como apóstolo; ali
Jesus curou o filho do centurião romano que, mesmo pagão, ajudara os judeus a
construirem umas sinagogas. Jesus fez Cafarnaum como centro de seu apostolado e
fez ali muitos milagres; o paralítico
(Mc 5,22-25), oleproso (Mc 1-40-45), a filha do chefe da sinagoga (Mc 5,22-43)
e outros milagres e pregações de Jesus foram feitos nesta localidade.
É o lugar que Jesus escolheu para centralizar a sua
militância. Cafarnaum significa, para os evangelistas, “milagres”. Jesus começa
ali a vivenciar a sua missão de anúncio da Boa Nova. No Evangelho de Lucas, do
capítulo 4,31 até 9,50 – tudo se relaciona com fatos de Cafarnaum. A mística de
Cafarnaum vai caracterizada de atividades, conflitos, milagres. É também neste
local, após ter rezado na montanha, que escolhe os doze discípulos (Lc 6,12s).
Depois Jesus segue sua caminhada para Jerusalém.
Considerando
seu estado interior, com que intensidade você se situa neste lugar bíblico? De 1 a 10, isto é, de menos =1
para mais =10.
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4.
O lugar é Jerusalém.
Jerusalém e
seu Templo não foram rejeitados por Jesus. Para lá ele ia sozinho ou com seus
pais. O evangelista Lucas concede um lugar privilegiado para Jerusalém: começa
e termina seu evangelho no templo de Jerusalém e agrupa os episódios da vida de
Jesus numa “subida a Jerusalém” (Lc 9,51). No tempo do nascimento de Jesus
havia os que esperavam a “redenção de Jerusalém” (Lc 2,38). Na transfiguração
fala-se de um êxodo para Jerusalém (Lc 13,33) porque “não convém que um profeta
morra fora de Jerusalém”. Jesus sobe a Jerusalém para que se cumprisse tudo o
que estava escrito pelos profetas (Lc 18,31). O evangelista acentua a ruína
próxima da cidade que não compreendeu a mensagem de paz nem reconheceu o tempo
de salvação (Lc 19,41-44). Jesus chora sobre ela porque será aniquilada (Lc
19,44). Paulo percebe Jerusalém como lugar onde as primeiras comunidades dão
forma a Missão Cristã. Ele entende, no entanto, que a salvação não se restringe
somente aos judeus, mas deve atingir todos os povos.
Jerusalém é um mistério que perpassa séculos: é a
expressão mais violenta da contradição e do conflito, por isso é chamada de
cidade santa e cidade maldita. No Apocalipse ela é tanto a esposa como a grande
meretriz. É santa, pois Jerusalém é tida como lugar milenar de reza, de
promessas e de peregrinação dos devotos vindos de muitos recantos. Cidade da
paz é lugar de encarnação da religiosidade do povo Judeu por causa do Templo;
ali Jesus entrou triunfante, sendo aclamado pelo povo; foi nela que ele
instituiu a Eucaristia, coração da Igreja ou, como diz o Vaticano II, “fonte e
ápice da vida e de toda a evangelização” (Lumen Gentium”, nº11); É o berço do
cristianismo: nela se deu a ressurreição de Jesus e o início da Igreja.
Considerando
seu estado interior, com que intensidade você se situa neste lugar bíblico? De 1 a 10, isto é, de menos =1
para mais =10.
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A festa de Caná...
E a vida continua. Dentro dela, nós e o grupo. Nesse
processo sempre há novidade. Vamos encontrar-nos, por isso, num espaço festivo
porque, ao final de tudo, Deus quer que façamos da vida uma festa. A juventude
é a encarnação deste espaço, a mística da festa precisa ser fomentada em nós
todos os dias. O lugar bíblico que escolhemos para localizar esse momento do
processo da educação na fé é Caná.
Caná é um povoado da Galiléia, que se
localiza a 8 Km
ao norte de Nazaré, onde Jesus realizou seu primeiro milagre. Seu primeiro
“sinal”, na festa de um casamento para o qual foi convidado com os discipulos,
onde Maria sua mãe também estava presente (Jo 2,1-11). Jesus com os seus já era
grupo. Perto de Caná, vindo Jesus da Judéia, ocorrera outro fato
extraordinário: um funcionário do rei que tinha um filho doente e foi pedira a
ajuda de Jesus. Foi também, em Caná onde nascera o apóstolo Bartolomeu ou Natanael (Jo 21,2). O fato é que, no
decorrer da festa de casamento, o vinho estava terminado e Maria intercedeu
junto ao filho para que desse um jeito. Jesus diz: “minha hora ainda não
chegou” (Jo 2,4), mas aceita o pedido de sua mãe. Segundo os exegetas, o
casamento é o símbolo da união de Deus
com a humanidade realizada na pessoa de Jesus. Sem Jesus, a humanidade vive uma
festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora,
simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus. “Façam o que Jesus mandar” (Jo
2,5) disse ela e deixou o filho numa situação provocadora. Assim como Jesus
assume sua missão, Maria além de mãe passa a ser discípula.
O processo de crescimento na fé vai avançando e
defrontando-se com Jesus jovem, numa festa, dando sentido para ela. Assim como
Jesus assume sua missão para qual veio, o grupo vai descobrindo, também, a sua
missão através de planejamentos, de compromissos na comunidade e no meio em que
se insere. O adolescente se transforma em jovem. O grupo adolescente se transforma em grupo
jovem. O grupo vai aprofundando a sua identidade. Por isso, uma nova mística
também vai lançando suas raízes: a mística de Caná relacionada com a descoberta
das necessidades da comunidade e da sociedade. O vinho que falta são os
desafios e carências que a sociedade tem e que provocam o grupo a assumir sua
missão.
Considerando
seu estado interior, com que intensidade você se situa neste lugar bíblico? De 1 a 10, isto é, de menos =1
para mais =10.
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